Em busca da primeira apresentação
Meus caros amigos, é nosso hábito de bípedes inteligentes achar que a história somos nós, e nosso tempo. Ledo engano.
Somos a consequência de uma evolução de milhões e milhões de anos, se não vejam: um pouco mais de 13 milhões de anos atrás, quando os bípedes primários viviam em cavernas, só conheciam a procriação, a fome, o frio e talvez, o fogo para seu aquecimento e da prole.
Todas estas atividades necessárias e básicas que permitiam dar continuidade à evolução. Mas vamos, para ilustrar melhor, entrar no imaginário e dar um nome a nosso personagem principal: “Pithecanthropus erectus”, simplificando para “Pithecan”, conhecido entre os amigos como “O erectus”.
Ele tinha uma vida brava em uma pequena tribo que liderava e que, afoitamente, vamos chamar de família. A sua mulher não falava, não havia evoluído ainda o necessário, só grunhia, sempre com um sentido de dar ordens e o avisar que estava com fome.
Pithecan então pegou uma pedra, que no dia anterior acabou de lascar, e saiu em busca do sustento familiar.
Depois de andar bastante embaixo do sol escaldante – no que seria no futuro o Uzbequistão – sentou sob a sombra frondosa de uma árvore, de uma espécie já desaparecida, quando de repente se vê frente a frente com as narinas ofegantes de raiva de um bisonte desgarrado de sua manada.
As pesquisas ainda não conseguiram determinar se a sensação de Pithecan foi de medo ou de desconhecimento desse alguém que vagava por seu pedaço em quatro patas. O certo é que, premiado pela fome, pegou sua pedra lascada e liquidou o intrometido.
(Se fosse roteiro de cinema haveria aqui um corte em uma fusão).
Levou o animal para casa e depois do farto banquete ficaram todos morgando dentro da caverna, pois estava chovendo. Foi aí que inventaram o dia de Domingo.
Pithecan adormeceu, sonhou e sentiu uma forte recordação da aventura desse dia com o bisonte. Foi assim que os antropólogos descobriram que nosso personagem primitivo já contava com memória.
Vários antropólogos e historiadores apresentaram trabalhos e publicações sobre a descoberta da memória no humanoide. Nasceu aí também a angústia por ter cometido uma espécie de homicídio, de um quase igual – e pior ainda, o comeu.
Antes de passar mal com a recordação, decidiu colocar “pra fora” sua angustia, muito antes que o Dr. Freud inventasse a psicanálise. Pegou um pedaço de carvão – sobra do fogo que havia feito – foi até a parede próxima da caverna e desenhou quase num traço o que havia visto nesse dia.
Assim, meus caros amigos, nasce a primeira apresentação verdadeira e autêntica da qual se tem conhecimento. E até agora ninguém achou uma melhor dessa época, e de lambuja o Pithecan nos deixou seu autorretrato, como podem ver.
1) O sensível e aborrecido Pithecan, com sua inseparável arma.
2) Primeiro tratamento, de memória, do Bisonte.
Um esclarecimento importante: por favor, não acreditem nesses retratos bem coloridos de Adão e Eva pelados num Paraíso de ficção. Estes retratos são piratas, produzidos recentemente, no século XXI, por publicitários inescrupulosos.
Como adoro ciência, e nesse caso arqueologia, tenho que dizer que essa narrativa é inspiradora e a qualidade da pintura do Pithecan assusta….
Muito legal o paralelo que fizeram. Congrats!
Oi amigo Patrick, que bom que você leu e curtiu esta pequena croniqueta, vem mais por ai. Volte sempre. R F Neder